sábado, 15 de fevereiro de 2014

Madrugadas...

Eram duas da manhã, acendeu um cigarro.
Já estava cansada de rolar pela cama e simplesmente não queria mais ficar deitada - foda-se sono – já que ele não queria mais vir. Agora ela que não queria mais dormir.
Foi para a geladeira e pegou água gelada para refrescar-se do calor infernal que fazia. Encostou-se na pia e pôs-se a tomar lentamente aquele líquido transparente alternando com as baforadas do Malboro vermelho.
Madrugada silenciosa. Pode escutar da cozinha o cachorro da vizinha latindo e a torneira da pia pingando água no banheiro da sua casa – tinha que arrumar aquilo logo.
Dentro de si o som era alto. O som dos seus pensamentos desordenados e clamadores de uma ordem naquela bagunça toda. Por isso travesseiro e colchão não fazerem o seu efeito de soníferos.
Mas ela não podia fazer muito. Estava irritadíssima. Inquieta também! Simplesmente não conseguia conceber a ideia de alguém que disse a pouco tempo atrás que a amava, que ela lhe ensinada o que era o amor e depois conseguir olhar em seus olhos e dizer que precisava ir embora. Que tudo acabou.
ACABOU!
Como poder ter acabado? Como sentimentos acabam assim?
Não podia ainda entender. Só compreendia que estava ali, sozinha. Sozinha e acordada em uma madrugada quente bebendo água e fumando e tentando ainda ordenar pensamentos escandalosos e gritantes dentro de si.
Teria algo na geladeira para comer? Tinha fome! Fome e vontade de chorar. Como não havia mais lágrimas esperava ao menos que comida teria para saciar uma de suas vontades. Sobrara frango frito do jantar frustrado da tentativa de se animar com seus amigos. É! Ainda era muito cedo para tentar se animar. Precisava ficar sozinha ainda. Amigos só mais tarde.
O cigarro acabava. O calor não. Agora ainda mais odiava o verão. Seria mais difícil para tentar dormir, droga!
Seguiu para a sala, abriu a janela e deixou a luz da lua entrar. Ligou seu rádio e procurou uma emissora qualquer da madrugada solitária.
Cacete! Só músicas de fossa! O mundo quer que morra de tristeza hoje, só pode!
Se jogou no sofá e deixou estar. A madrugada que passasse à sua maneira. A solidão que fosse sua companheira e ajudasse a organizar seus pensamentos do início.

Ela viu o sol nascer! Foi bonito! Os olhos vermelhos confundiram-se com o vermelho do grande astro. É! Ela continuaria! Ela não acabaria! 

Priscila

Imagem retirada da internet