segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sobre murro em ponta de faca

Dou murros em ponta de faca. 

Sim, não vou negar que sou durona, que insisto e persisto naquilo que quero, que acredito importante, ou mesmo necessário para minha vida, de alguma maneira. Mas acredite, quando eu desisto, é DESISTO de verdade! Não tem volta, não tem conversa - ou se tem é apenas para reafirmar que não tem volta -, não adianta e ponto final.

Sou bem chata, confesso! Já me disseram que dou murros em ponta de faca e, talvez esteja certa quem disse. Na verdade, está certa! Eu dou murros em ponta de faca mesmo. Minhas mãos estão bem machucadas por várias tentativas de inúmeras coisas que já tentei em minha vida. Algumas cicatrizes são lembranças do que consegui com muita insistência e, acima de tudo, muita luta; outras são de tentativas frustradas, seguidas de noites de choro e de um "cansei, desisto disso". Sim, eu choro e muito. Mas até hoje nada me impediu de, após noites de choro insistente, levantar e RECOMEÇAR! Nada, até agora! 

Como disse, algumas vezes a gente joga as toalhas para cima e as armas ao chão. Cansada de lutar, olha para as cicatrizes das mãos, do corpo, e vê que apesar de tanta luta nada mais pode ser feito. O melhor é deixar a maré te levar - e rezar para que seja em terra firme. 

A vida nos ensina que apesar de tentarmos sermos fortes e durões, somos por dentro seres frágeis que o mais leve vento pode nos levar sem ao menos esperar que possamos nos segurar em algo, sem ao menos nos dar uma chance de luta.

Estas linhas são apenas para confessar que eu choro sim, que eu dou muito soco em ponta de faca, que eu grito de dor e mesmo assim insisto. Estas linhas são para confessar que ainda assim eu desisto de algumas coisas por cansaço, por ver que não dá mais, dor - física e emocional - e por querer sumir do mapa, muitas vezes. Estas linhas são para dizer que ainda assim eu sempre tento RECOMEÇAR, de alguma forma, de algum jeito, de algum lugar, com algum objetivo e ânimo retirado do mais fundo da alma. Este conjunto todo é para me animar a voltar sempre ao equilíbrio de mim, em mim. A vida é muito frágil. Como diria Pitty "É besta assim esse quase morrer" e Drummond nos lembra "Eta vida besta, meu Deus". E besta por besta, que eu continuo dando murros em ponta de faca, mas somente daquilo que vale a pena. 

E este texto é para lembrar a mim mesmo disso. A vida é besta! A faca é afiada! E eu? Eu sou fraca, mas também sou forte, muito forte!

Recomeçar sempre! Daquilo que realmente vale a pena!

Priscila Garcia


Imagem retirada da internet