domingo, 12 de abril de 2015

Se eu não sentisse, se eu não pensasse, se eu não dançasse a valsa das manhãs nubladas... Mas não sou dura, igual José. Eu sinto, penso e danço. E acredito que seja esse o problema, meu caro Carlos. Nasci um anjo torto, fui ser gauche na vida e olha para mim agora. 
Meu Deus não me abandonou porque sabia que eu não era Ele, e sim que era fraca, precisava de ajuda. Então, o Criador puxou a cadeira para ver a lua comigo e tomamos um conhaque. Ficamos comovidos como o diabo.

Priscila esta brincando com Drummond e expressando seus reais sentimentos tristes sobre a vida.


Imagem retirada da internet

Cingia meu corpo com seus braços

e trazia-me mais perto de seu peito.
Focava seus beijos em meu pescoço
e declamava poemas de Vinícius de Moraes pertinho.

As mãos aproveitavam o livre acesso e percorriam
cintura, costas, nádegas.
Apertava-me contra si,
medo de que eu fugisse?
Como poderia se meus pensamentos viajavam naquela dança?

Parceira de dança,
passei meus braços em teu pescoço
e minha boca procurou a tua
com vontade de puxar para dança a tua língua na minha.


A valsa se fez.

Priscila Garcia

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Sinto falta do teu sorriso,

tão largo e sincero.
Teu olhar me paralisava e
eu nem sabia exatamente porque.
Era mágico!

Sempre carinhoso,
mostrava como era
ser príncipe em plena modernidade,
uma raridade, eu sei.

Nas brincadeiras de amantes,
seus beijos quase deixaram marcas por onde passavam.
Eu pedia que tomasse cuidado,
sua promessa era de marcar apenas a alma
e refletir nas nossas lembranças em cada beijo.

E marcaram profundamente...

As curvas no caminho nos afastaram,
você  nem imagina agora
o quanto choro

com as marcas das lembranças.

Priscila Garcia

Imagem retirada da internet

Arranquei com todas as forças teu amor.

Com raiz e tudo,
não poupei forças para tirar cada pedaço de você
que ainda pudesse sobrar
dentro de mim.

A cada pedaço tirado
lágrimas grossas insistiam em cair de meus olhos.
Processo doloroso, amargo, torturante.

Um e outro grito de dor
cobria-se em choro ácido
desse ato,
a cada ramo profundo,
enraizado no íntimo.

Apesar da dor, insisti no gesto.
Não hesitei e continuei o árduo trabalho agrário.
Arrancar essas raízes impregnadas do campo de meu coração
é processo inadiável, necessário, preciso...
Justo!

Amar sozinha é perdição,
autodestruição,
suicídio lento,
no ser ainda vivo.

Arranco a violentos golpes
a erva daninha do amor que sinto
sozinha
por quem, não mais, me ama.
Desencravo o amor que tanto trouxe felicidade,
e hoje dói!

Priscila Garcia


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