segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Sobre bebidas, muros, reflexos e reflexão, não nessa ordem.

Alguma hora na vida precisamos sair do nosso casulo. Precisamos olhar para o espelho e enfrentar o que mais tememos: nós mesmos! Olhar para o muro que criamos ao nosso redor e sair dele para ver como está a construção que estamos há anos levantando. Reparar se o espartilho que me manteve inflexível por tanto tempo não está no princípio de seu desgaste e precisa ser trocado, ou se ele finalmente não pode ser afrouxado um pouco, que seja. 

Questionar nossas certezas, rever nossos moldes criados para inúmeras questões e fatores da vida. Talvez reutilizar aquele pote de esperança que não usava fazia tempo e deixar o vasilhame do pessimismo um pouco menos cheio e não tentar reabastecê-lo. Tentar "levar a vida mais leve", foi a dica que um amigo me deu e eu tento; a cada vez que a coisa aperta, parece que ouço a voz dele em meu ouvido repetindo as mesmas palavras. 

Olhar com mais carinho para as opções que nos surgem, parar de exigir tanto da vida - ou será que seria melhor parar de exigir tanto de nós mesmos? 

Eu sei: quem sou eu parar falar isso tudo? Dou murros em ponta de faca constantemente. Porra! E como dói! Mas como já falei anteriormente, quando eu desisto é pra valer e me deixo levar quando não há mais jeito. E por isso estou agora questionando essas opções que surgem, (tentar) não exigir tanto da vida e (tentar) não exigir tanto de mim mesma. Mas é difícil! Sei que é... Mas esse encarar o espelho é muito difícil mesmo!

Nunca será fácil, mas ao menos tentar é importante. Não falo de destruir muros, nem de tirar meu espartilho; mas de ver a construção daquele precisa melhorar, se pode abaixar um pouco o tamanho, trocar os tijolos e; analisar se o espartilho precisa ser trocado porque está velho demais, se pode afrouxar um pouco as fitas dele, ou se ele ainda permanece bom e eficiente. 

Alguma hora na vida precisamos olhar para o espelho e enfrentar o que nele reflete! Pegue uma bebida que lhe agrade e vá conversar com seu reflexo, ou seja, refletir sobre si mesmo! Por que não? 


Foto tirada por Priscila de sua bebida da noite passada. 



Priscila anda analisando seus muros e observando mais atentamente seu espartilho. Ela sente saudades de algumas coisas da vida, sente por ter de abrir mão de outras... Apesar de tudo, ainda se mantém forte, dando murro e ponta de faca e assumindo os riscos de suas decisões. Sempre disposta a olhar o reflexo de si mesma no espelho para conhecer melhor o inimigo: ela mesma! 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Mentiras

Você é fragmentos. Não consigo entender, muito menos montar as partes do que me apresenta. Queria poder acreditar em cada palavra que me diz, mas são fragmentos de verdades - ou de mentiras - e não consigo sentir a essência. É fumaça: não consigo segurar, mas vejo-não-vejo e me sufoca! Como queres que eu permaneça ao teu lado desta maneira? Como confiar assim...? 


Imagem retirada da internet
É complicado olhar para 2016 sem um sentimento de "PQP, como tu judiou de mim, cara!". Na verdade, eu iria mais longe e olharia para 2015, também! Esses dois últimos anos foram de muito aprendizado e de muito teste de resistência, literariamente e literalmente! 

Mas este texto não vem a ser como um lamento! Esses dois últimos anos também foram de constante reconhecimento e reconstrução de mim mesma. Quando chegamos nos nossos limites em determinados assuntos e situações, sabemos realmente quem somos! Eu gostei do que vi no que se trata de mim e lapidei muito do que achei necessário! Dos amigos, no entanto... A lista telefônica dos contatos importantes deu uma diminuída considerada, acredite! A gente reconhece os amigos de verdade nessas horas, também! Tomei distancia de algumas pessoas e foi ótimo, diria até: libertador!

Este texto não deve ser um lamento! E sim um balanço! Eu também passei no mestrado e isso foi muito bom, afinal, três anos - basicamente - tentando entrar  é um tempo considerável, né não? E  a gente precisa ter um foco na vida. Eu ainda acredito que devemos ter focos temporais; alcançou um, tem ali o outro para alcançar e bora trabalhar! Entrar no mestrado foi um dos meus; estou vivendo o que sonhei por muito tempo (e até achei que não fosse alcançar). Agora meu próximo foco é ter o título de mestre, ou seja, terminar o mestrado com notas boas e no prazo! 

Na saúde, bom, eu quase morri, como alguns amigos sabem! Falei que eram testes de resistência literalmente... Como a letra de Pitty em "Sete vidas" diz: "Viver parece mesmo/ coisa de insistente", eu fui uma insistente, ou talvez uma chata inconformada que se recusava a ir embora com tantos projetos inacabados. E ainda falando de Pitty: "A postura é combativa/ ainda tô aqui viva/ um pouco mais triste/ mas muito mais forte// E agora que eu voltei/ quero ver me aguentar."

Conheci gente nova, frequentei lugares interessantes, estudei ao lado de pessoas inteligentíssimas, aprendi "pra caralho"... Portanto esse 2015 multiplicado por dois foi de muita resistência, aprendizagem, exercício de paciência e foco. E haja foco! 

Não foram dias fáceis! Chorei pra caramba, a vista dos outros, escondido (muito mais escondido). Coisas tão chatas aconteceram que meus amigos mais íntimos só ficaram sabendo depois que passou... Trevas, meus caros! Este texto tenta não ser um lamento, mas os anos foram arrastados, meu caro! Haha! 

Mas estamos na ativa! "Ainda tô aqui viva [...] muito mais forte" e sou chata "pra caralho", não paro tão facilmente! Alguns diriam que seria um renascer das cinzas, tipo fênix; eu já acho que um ouroboros, comendo a própria cauda para renovar...

Este texto não teve a pretensão de ser um lamento... Mas de olhar para trás e ver o tanto que eu andei e que eu vivi, consegui permanecer viva! Ufa! Nunca acreditei que a mudança do calendário faria um ciclo terminar e viria um novo, já disso isso aqui antes. E não será agora que eu acreditarei nisso! Se for para acreditar em algo é que agora estou muito mais forte do que a dois anos atrás. Não digo que estou pronta para outra, mas que se vier coisas piores, estou menos despreparada do que antes. Mas tenho esperança que a coisa toda melhore e me alivie um pouco... As costas doem e eu sinceramente gostaria de respirar um pouco mais tranquilamente agora. No entanto, se vier bomba, vamos lá! "Quero ver me aguentar"


Priscila passou por muitas nesse ano de 2015 que se arrastou dentro de 2016. Está agradecida pelas coisas boas que vieram e os enormes contratempos... Também está cansada, mas se sente bem mais forte para enfrentar outros imprevistos. No entanto joga a ideia para o universo de dias menos turbulentos, por favor!

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Sobre murro em ponta de faca

Dou murros em ponta de faca. 

Sim, não vou negar que sou durona, que insisto e persisto naquilo que quero, que acredito importante, ou mesmo necessário para minha vida, de alguma maneira. Mas acredite, quando eu desisto, é DESISTO de verdade! Não tem volta, não tem conversa - ou se tem é apenas para reafirmar que não tem volta -, não adianta e ponto final.

Sou bem chata, confesso! Já me disseram que dou murros em ponta de faca e, talvez esteja certa quem disse. Na verdade, está certa! Eu dou murros em ponta de faca mesmo. Minhas mãos estão bem machucadas por várias tentativas de inúmeras coisas que já tentei em minha vida. Algumas cicatrizes são lembranças do que consegui com muita insistência e, acima de tudo, muita luta; outras são de tentativas frustradas, seguidas de noites de choro e de um "cansei, desisto disso". Sim, eu choro e muito. Mas até hoje nada me impediu de, após noites de choro insistente, levantar e RECOMEÇAR! Nada, até agora! 

Como disse, algumas vezes a gente joga as toalhas para cima e as armas ao chão. Cansada de lutar, olha para as cicatrizes das mãos, do corpo, e vê que apesar de tanta luta nada mais pode ser feito. O melhor é deixar a maré te levar - e rezar para que seja em terra firme. 

A vida nos ensina que apesar de tentarmos sermos fortes e durões, somos por dentro seres frágeis que o mais leve vento pode nos levar sem ao menos esperar que possamos nos segurar em algo, sem ao menos nos dar uma chance de luta.

Estas linhas são apenas para confessar que eu choro sim, que eu dou muito soco em ponta de faca, que eu grito de dor e mesmo assim insisto. Estas linhas são para confessar que ainda assim eu desisto de algumas coisas por cansaço, por ver que não dá mais, dor - física e emocional - e por querer sumir do mapa, muitas vezes. Estas linhas são para dizer que ainda assim eu sempre tento RECOMEÇAR, de alguma forma, de algum jeito, de algum lugar, com algum objetivo e ânimo retirado do mais fundo da alma. Este conjunto todo é para me animar a voltar sempre ao equilíbrio de mim, em mim. A vida é muito frágil. Como diria Pitty "É besta assim esse quase morrer" e Drummond nos lembra "Eta vida besta, meu Deus". E besta por besta, que eu continuo dando murros em ponta de faca, mas somente daquilo que vale a pena. 

E este texto é para lembrar a mim mesmo disso. A vida é besta! A faca é afiada! E eu? Eu sou fraca, mas também sou forte, muito forte!

Recomeçar sempre! Daquilo que realmente vale a pena!

Priscila Garcia


Imagem retirada da internet

terça-feira, 26 de julho de 2016

Vozes gritam dentro de mim.


Como fazê-las calar?
Dói o que dizem.
São palavras de serram em pedaços minha esperança e minhas forças.

Como fazê-las calar?
Silenciar toda a maldade que espalham ao meu redor.
Ferem o mais fundo da minha alma...
Como vieram parar dentro de mim?
Eu que as deixei entrar?
Mas como?

Elas gritam cada vez mais forte e eu não sei como pará-las.  

Socorro!

Priscila Garcia

Imagem retirada da internet

Era ... É

Era alegria,
Era sorriso fácil
Era felicidade plena

Era mais MPB
Era mais abraços
Era mais sociável

Era domesticada
Era mais fácil fazê-la calar
Era

É mais seriedade
É mais serenidade
É mais questionamento

É mais os solos de guitarra
É mais aperto de mão
É mais solidão

É mais selvagem
É mais silêncio, não desperdiça palavras.
É mais só e está bem assim.


Procuro a estabilidade dentro de mim a cada dia.


Priscila Garcia


Imagem retirada da internet

Affe!

OCA
CHEIA
CONFUSA
MALUQUETE

PUTA DA VIDA
QUE CARALHO
Muito chateada
Muito triste


Priscila Garcia 

Imagem retirada da internet

Jogou fora meu batom vermelho e o esmalte preto,


quebrou a garrafa do meu vinho favorito da estante,
rasgou as fotos em que eu estava com meus amigos
e meu short jeans.
“Você não pode usar roupas curtas e deve trocar seu guarda roupa, só tem preto aqui!”.

Atirou ao chão meus CDs de rock
e teve coragem de riscar o vinil do “Wish you were here” do Pink Floyd.

Rasgou meus livros e meus poemas,
meu tesouro particular.

A maquiagem do rosto mandou tirar
- parecia puta -
a jaqueta de couro preta não devia usar mais.
A musicalidade e a poesia não eram nada.

Use saias longas!
Clareie seu guarda roupa!
Não fale palavrão!
Melhor, não fale!
Obedeça!
Não cante!
Não saia!
Não sorria tanto!
Lave!
Passe!
Cozinhe!
Transe! – Seja puta apenas quando o teu futuro marido mandar e só para ele.

E após o surto dele e a lista de imperativos,
eu peguei minha dignidade,
minhas coisas do chão,
e sai pela porta da vida dele para nunca mais voltar.
Viveria como sempre quis.

Hoje ele insiste em estar perto.
Diz que errou, falou demais!
Pede perdão.
Liga,
manda mensagens,
faz cenas de teatro,         
chora.

Mas eu sou puta, lembra?
Passei batom vermelho,
esmalte preto,
bebo vinho e ouço rock.

Deixa eu ser puta aqui sozinha. 

Priscila Garcia

PS: Metáforas são criadas para representar além do que o escritor deseja dizer. "Jogar fora" é uma delas, mas infelizmente o termo "puta" não aqui é metáfora. Vale lembrar que as palavras usadas pelo escritor refletem a sua visão do mundo; pode ser algo que aconteceu com o outro, um fato que ele viu, ou mesmo que ele viveu. 

Imagem retirada da internet


domingo, 15 de maio de 2016

Querido Tempo,

adoraria poder controlar seu passo à minha necessidade e prazer. Mas não posso, eu sei disso. Minha esperança é que você saiba o que faz quando corre, ou quando anda. Só uma pergunta: nunca tropeçou em seu percurso?
Att, eu

sábado, 2 de abril de 2016

Era para ser um poema

Falou tudo o que quis,
suas primeiras impressões,
o que achava que via ao seu redor.

Não observou mais a fundo a situação,
não olhou de cima,
não olhou para dentro.

Machucou e fez chorar!
Imaginou que ajudava
mas não percebeu nas lágrimas do outro
o que fazia...

Agora pede perdão.
Cerca,
e persegue por todos os lados.

Perdão tens,
mas a companhia do outro:
não mais!