quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Momentos de Poetisa VII

     Procurando algumas informações em uma agenda antiga, descobri algumas anotações minhas já esquecidas... Morri de rir relendo alguns e me assustei ao ler outros, hehe. Este faz parte de alguns que fiz no ano de 2009, antes de entrar na faculdade. Nem me lembro porque o fiz, mas está ai, espero que gostem.

Seu Floriano

Seu Floriano é pobre, brasileiro e cata papelão na rua,
Papelão, papel, latinha, plástico, vidro, garrafa pet...
Qualquer coisa serve.
Todo dia – antes mesmo do sol – seu Floriano levanta
Faz o café para a netinha, quanto tem, e sai com seu carrinho.

Tem dia que é bom,
O que é lixo vira material de troca
Para um dinheirinho.
Mas tem dia que a coisa não rende
E mal dá pra pão.

Seu Floriano mora com a neta de quatro anos
Que enquanto ele trabalha, ela fica com a vizinha
Pobre feito eles.
A mãe da menina, sua filha, morreu no parto,
De tão complicado e sem médicos...
O pai está na cadeia, preso porque roubou uma galinha
Para matar a fome da moça grávida.

Seu Floriano está velho,
Já não agüenta mais.
Ele chega em casa todo torto, o carrinho pesa,
Mas quando olha no rostinho da menina, pensa
“ – Ela não tem culpa, coitadinha.”

Amanhã seu Floriano começa mais um dia
Hoje tem um pouco de café, faz para a menina e sai
A garotinha acompanha com os olhos
Aquele corpo cansado dobrar a esquina e vê
A bandeira do Brasil pendurada no carrinho,
Presente do lixo,
Balançando com o vento
Mal sabe ela que o pano pendurado,
É o símbolo da esperança de seu Floriano.
O avô não sabe ler nem escrever,
Mas acredita mais que ninguém em
“Ordem e Progresso”.
Em seu curto vocabulário
Acredita que significa coisa boa,
Para sua família

E o velho segue,
Precisa trabalhar pois,
Para amanhã, não tem café.

Pilinga 

Imagem retirada da internet

Nenhum comentário:

Postar um comentário